L I T A P O E S I A
metáforas e berinjelas jogadas ao ar
3 de dezembro de 2017
1 de outubro de 2017
Livro VÁRIAS, Lita sahun. (Campanha Catarse de financiamento coletivo)
13 de maio de 2017
30 de abril de 2017
14 de março de 2017
9 de março de 2017
Triste
Nasce uma poesia triste
Uma lágrima
Um lamento
Cada vez que uma criança é morta
Pela fome
Pelo segurança do fast food
Pela ganância
Pelo descaso
Da elite política
Nasce uma poesia triste
Um vômito
Uma revolta
Cada vez que um travesti é espancado
Sim, um travesti
Esse ator social
Que ri e fala e debocha
Na cara da burguesia
Sobre diversidade
Sobre estar no submundo
Por falta de opção
Sobre autenticidade
Sobre coragem
De se dar, desnudo
A um mundo
Sem coração
Nasce uma poesia triste
Um grito abafado
Um choro entalado
Cada vez que uma mullher é arrastada
Morta ou viva
Rica ou pobre
Aos cachorros
Aos homens
Aos padrões castradores
E é usada
Manipulada
E é estuprada
Por uma sociedade infame
Deixando um filho, mudo.
#habibs #elisasamudio #claudia #poesia #litapoesia #litapoesia
5 de março de 2017
PÉS VIRADOS
PÉS VIRADOS
Por Lita Sahun
Ah esses monstros. Quando mais fujo, mais me pertencem.
Ah esses monstros, minhas sombras, meus demônios, minhas vergonhas.
Quantas vaidades escondidas nos armários da minha vida.
Quantos fígados, rins, esôfagos podres...
Ah esses monstros cheios de olhos cegos e egoísmos. Amarrados à minha imaturidade. Colados.
Ah esses monstros medrosos e irados, frágeis e agressivos.
Ah esses monstros estúpidos de mim. Amarrados ao meu presente desde o passado. Descontrolam-se imaturos e débeis.
Ingênuos, coitados, criam expectativas irreais.
Estão de trás para frente. De pés para trás.
Ah, esses monstros mesquinhos e preconceituosos! Infantis e jocosos.
Ah, esses personagens monstruosos abortados no passado! Vitimados e estropiados. Julgando. Invejando. Guardando, medrosos, seus bagaços.
Ah, esses monstros arrastados!
Sou um beco sem saída. Cercada por mim mesma grunhindo e arranhando e gemendo e gritando com meus pés virados.
#litasahun
3 de março de 2017
O significado de confiança
O SIGNIFICADO DE CONFIANÇA
Por Lita Sahun
Hoje vi um bebê ir em direção ao brinquedo de outra criança. O ato foi tão vívido e cheio de energia, que não pude deixar de olhar. A mãe cambaleou na falta de equilíbrio e saiu trocando as pernas na tentativa de amenizar aquele louco e verdadeiro impulso.
Fiquei hipnotizada por alguns segundos assistindo àquele filme engraçado. E motivacional. Mas porque motivacional? Por que tive vontade de ter aquela verdade novamente. Aquele foco que as criaças têm na realização de seus desejos. Fiquei pensando em quantas vezes ponderei tanto, duvidei, titubeei, me preocupei com consequências irreais, com a opinião dos outros. Fiquei pensando em quantas vezes temi.
Ponderar é importante na realização de um projeto. Mas a pureza de quem acredita e vai, pode e deve predominar no percurso da nossa vida. E porquê? Só pelo fato de que essa pureza genuína, de cada impulso, carrega toda a força do que não vemos, do que não sabemos, da energia sublime da criação, das energias sagradas, do movimento universal...
Como uma cachoeira de acontecimentos ininterruptos, os pequenos não ponderam. Eles e as cachoeiras não ficam racionalizando. Eles só confiam. Sem nem ao menos considerar o significado do que seja confiança.
3 de fevereiro de 2017
Especial
18 de novembro de 2016
9 de novembro de 2016
18 de outubro de 2016
"Os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para humanos, assim como negros não foram feitos para brancos ou mulheres para os homens." Alice Walker
14 de outubro de 2016
13 de outubro de 2016
10 de outubro de 2016
9 de outubro de 2016
Vamos por partes
Assim
Devagar
Que meus instintos
Andam rotos
Lentos
Jogados
Vamos por partes
Por partes
Que meus tatos
Todos
Arrepiados
Jogados
Vamos por partes
Assim
Devagar
Que meus sentidos
Andam
Despertos
Demais
O caos das sensações
Amorfas
Mora hoje
Em mim
Vamos assim
Por partes
Que cada pedaço
Não se limita.
Sem começo sem fim, sou.
Mas vamos por partes
Que as sensações
São pertinentes
Na baixa luz
Na lentidão
Apaga o sol
Só por hoje
Ou enquanto houver sono
#litapoesia
4 de outubro de 2016
Estar no meio do caminho
Sentir as possibilidades
E seguir
Ser o processo
Fazer parte
Não pontuar.
O barato total
É a viagem
O imaginário do que haverá de ser,
Sem forçar.
O desapego do que não voltará
O ar entrando na narina
A vida fluindo devagar
Olhar ao redor
Se reconectar
E ter certeza de que há algo maior
A te direcionar
#litapoesia
27 de setembro de 2016
26 de setembro de 2016
25 de setembro de 2016
Era um escritor que não dizia mais, não escrevia. Descobrira que não tinha as respostas das suas questões, e que jamais pudera responder a nenhum questionamento de outrem. Decidira então escrever em silêncio até que pudesse dizer algo com suas palavras. Algo que realmente fosse dizível. Algo que realmente falasse, esmiuçasse o que há de resposta nas perguntas. Estava em pleno silêncio do jamais dizer, do não escrever, do somente ouvir, do meramente ser. Ser. Enquanto caiam os pingos da chuva. E a chuva se foi. E os dias se puseram. E as noites adentraram...
Os textos passavam por si em desalento, ele não os tomava. Orações, frases, palavras das grandes, pequenas palavras... Por fim, viu algumas letras passando e poucas expressões de alívio exclamativo... Nada pegava pra si. Nada o tomava. Esteve o escritor no mais puro silêncio da escrita muda.
#litasahun
#litapoesia
21 de setembro de 2016
Rótulos limitam
Vaidades limitam
Crenças limitam
Controles limitam
Vícios limitam. Competição...
Seguranças limitam. Inseguranças...
Julgamentos limitam.
Horários limitam
Prazeres limitam
Paixões, desejos limitam
Memórias limitam
Planos limitam
Promessas, contratos limitam...
Medos limitam
Paredes limitam. Muros.
Certezas limitam. Incertezas...
Apegos limitam
O que limita?
Limites limitam
19 de setembro de 2016
Não. Não sou.
Tenho estado mãe
Mas não sou
E nem sou filha de alguém
Só estou
Tenho estado professora
Mas não sou
Tenho feito poesia
Mas não sou escritora
Não sou
Tenho sido atriz
Mas não sou
Não. Nem estou.
Tenho estado no Brasil
Desde sempre
Mas ele nem existe
É um ínfimo limite
E me vou
Não sou isso
Não sou aquilo
Mas estou
Tenho estado na matéria
Mas me vou
Estou aqui na Terra
Estudando
Mas daqui não sou
Só estou
Em viagem
Em andança
Em missão
De passagem
No caminho
Em processo
E me vou.
As minhas dores
Libero
As minhas flores
Morrerão
E, ilimitadamente,
Nasceremos novamente.
18 de setembro de 2016
13 de setembro de 2016
3 de setembro de 2016
Estamos diante da morte
Pensou em olhar igual, de forma habitual, indiferente, de maneira que não chocasse ou afastasse.
Não conseguiu. Não conseguiu pelo simples fato de que não queria. Seu impulso primário era de quem olha querendo ver. Querendo entrar. Fazer parte. Se alimentar. Meter no pão com manteiga e mastigar.
E já não tinha idade para os personagens. Os jogos cansam. São sacais.
Queria tocar sem ter de esperar. Queria viver como se fosse logo morrer. Mas isso é desespero! Não, não é. É reconhecimento. É valorização da conexão. Da vida que corre em maratona. E pra ganhar.
É correr para ver o balão. Se jogar na lama pela pipa avoada. Ser inteiro por cada metade. Mergulhar.
Poderia agir como se fosse banal. Mas não era uma opção. Entrou naquele metrô na obstinação do olhar com a calma de um gato que entra no quarto devagar. E absorve cada detalhe... do lugar. Deixa nada passar. Sucumbe com o corpo todo cada energia do estar. Sabe que a importância de cada vida é imensa porque a morte há de chegar.
2 de setembro de 2016
Palavras
Ah... mas coitada da palavra!
Que mania de quererem que ela diga.
Que ela represente
Que ela explique o inexplicável
Que ela ressignifique o esvasiado
Que ela preencha o calado
Deixem-na muda, ora bolas!
Não diz nada, a pobre.
Quem diz é o sapiens
O grande homem
O sapiente...
E diz sem palavras, garanto
Sente, e, mudo, já diz
Caminha somente, e já vai
Anseia, e basta
Deseja, e pronto
É portanto, e fim.
Libertem-na então
E deixará, a palavra,
de dizer as mentiras que a impõem
de pontuar
de protagonizar verdades passageiras
de assinar
documentar
ofender
assassinar
Libertem-na então
Palavras não traduzem nada
Palavras são só poesia
31 de agosto de 2016
27 de agosto de 2016
Vamos sair pra dançar?
Qual o sentido real?
Acordar, dormir, respirar...
Qual o significado?
Alimento envenado
Povo escravizado
Dinheiro lavado
Há um porquê?
Congresso infectado
Onde chegaremos?
Acordar, ir malhar...
Vamos a algum lugar?
Vamos sair pra dançar?
Tem hormônio no leite da criança
Tem mentiras nas meias verdades
Tem fome e esgoto no ar
E debaixo dos panos, o que há?
Nascer, reproduzir, ir à Disney, morrer...
Tem criança ferida
Tem guerra e divisa
O que há?
Fazer pós-graduação, casar...
O que eu quero fazer?
Trabalhar, comprar, ver tv, trepar, rezar
Dá pra voltar?...
E jamais nascer?
5 de agosto de 2016
21 de julho de 2016
Desapego
E então eu ouço as minhas músicas, penso as minhas coisas, me amo. Me exercito o equilíbrio, me exercito o corpo, o peito, o espírito. Por vezes desprendo-me do palpável e des-desejo. Des-prendo-me...
E então eu volto. Olho a praia, faço minhas fotos, meus rabiscos, meus planos. E então visualizo. Eu sinto a poesia, me escrevo, me toco. E então planejo minhas aulas, seus objetivos, meus objetivos. Me amo mais um pouco e me reconheço. E então eu faço meus horários, meus planos, meus mapas. E então eu brindo a vida, sinto seus sabores, seus beijos. E então observo cada movimento do espaço ao meu redor. E então eu aprendo a cada aula. E eu aceito a manifestação do agora, das fases da vida, da matéria. E então fundo-me à beleza da transformação. Transcendência. Sou puro aprendizado. E então me amo mais um pouquinho. Subo. Distancio. Amplio. Vejo-me como a mais pura representação da divindade que toca a matéria.
18 de julho de 2016
15 de julho de 2016
O gozo de todos os céus
14 de julho de 2016
12 de julho de 2016
11 de julho de 2016
8 de julho de 2016
Poesia é melancolia também, tipo quando a gente sente um vazio do que já foi cheio.
Aquela vontade de voltar a um lugar onde já estivemos, mas não lembramos quando ou onde.
É aquela inquietação de intuir as respostas que levam à outras perguntas
Poesia invade o peito da gente.
Invade a prosa.
(foto de querendosemquerer.tumblr.com)
7 de julho de 2016
E se foi
Gosto do seu jeito calmo
Seu jeito calmo
Calmo
E se foi
Tocou em meu espírito
E se foi
Viu-me além de mim
E toda turbulência
Inaugurou-me novamente
Reinaugurou-me de mim mesma
E se foi
Abrindo espaço
Ao vácuo alucinante da criação universal
Abriu-se o etéreo diante de mim
O insípido, o inodoro, o incolor
O surdo, o mudo, o tremor
Pude me ver novamente
Desnuda das ânsias
Da buscas
Das bruxas
Das correntes
Desnuda da pressa
Do fogo astral
Da turbulência
Desnuda dos mitos, dos ritos
Desnuda dos gritos
De prazer ou dor
Gosto do seu jeito calmo
Vi-me
Sem tocar
Sendo
Sem olhar
No intervalo de cada pulso
Deparei-me com a eternidade
6 de julho de 2016
3 de julho de 2016
O mundo vai girando
O Universo vai pulsando
As flores vão nascendo
Os amores vão morrendo
O mar vai batendo
O eterno se fazendo
O abismo se abrindo
A mente enlouquecendo
A paz se escondendo
O grito ecoando
O eco gritando
O infinito se alongando
A culpa se fazendo
A dúvida crescendo
Enquanto o sangue vai escorrendo
A fome vai crescendo
A luz apagando
O escuro acendendo
As nuvens se movendo
O vento uivando
Eu me esmorecendo
Os carros vão passando
As roupas vão mudando
As crianças vão crescendo
Os ensinamentos se transformando
O gelo se derretendo
O frio diminuindo
O calor aumentando
Eu me automatizo perguntando
O que sou? Como vou?
Enquanto minha mão se move
Meus joelhos se dobram
Minha mente ouve vozes silenciosas
Minha boca fala o que não penso
Minha mente pensa o que não sou
Meus olhos veem o que não sei
E o sol vai se movendo
Assim tão parado
Como eu, na ilusão do movimento
Do questionamento
Enquanto as respostas vão surgindo
As perguntas vão crescendo.
E o coração inexplicavelmente
Vai batendo.
27 de junho de 2016
13 de junho de 2016
A menina que queria ser livre
Uma menina tão bonita
29 de maio de 2016
16 de maio de 2016
Fui eu!
15 de maio de 2016
14 de maio de 2016
11 de maio de 2016
10 de maio de 2016
30 de abril de 2016
21 de abril de 2016
3 de abril de 2016
Afogada em esmaltes
Enganada
Errada
Ensopada pelo que não confessava
Desacreditada
Consumia o que não queria
Acreditava em fantasia
Aprisionada
Bêbada e apolítica
Sobrevivente do que não entendia
Manifestada no que não queria
Endividada.
Maquiagem borrada
Um romance qualquer
Na página exata
Algumas células tortas
Outras cédulas mortas
Varizes entupidas
Estilo fora da moda
E uma garrafa de aguardente
Enquanto não for embora