3 de setembro de 2016

Estamos diante da morte

Pensou em olhar igual, de forma habitual, indiferente, de maneira que não chocasse ou afastasse.
Não conseguiu. Não conseguiu pelo simples fato de que não queria. Seu impulso primário era de quem olha querendo ver. Querendo entrar. Fazer parte. Se alimentar. Meter no pão com manteiga e mastigar.
E já não tinha idade para os personagens. Os jogos cansam. São sacais.
Queria tocar sem ter de esperar. Queria viver como se fosse logo morrer. Mas isso é desespero! Não, não é. É reconhecimento. É valorização da conexão. Da vida que corre em maratona. E pra ganhar.
É correr para ver o balão. Se jogar na lama pela pipa avoada. Ser inteiro por cada metade. Mergulhar.
Poderia agir como se fosse banal. Mas não era uma opção. Entrou naquele metrô na obstinação do olhar com a calma de um gato que entra no quarto devagar. E absorve cada detalhe... do lugar. Deixa nada passar. Sucumbe com o corpo todo cada energia do estar. Sabe que a importância de cada vida é imensa porque a morte há de chegar.

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