28 de julho de 2009

Julho e lucidez

Julho de 2009. Ela está de volta. A minha maldita lucidez bendita, está de volta. Meus pés pisam o chão novamente e as coisas, negando-se todas a flutuar, começam a fazer sentido novamente. Tudo volta a normalidade de antes, de maneira mais clichê impossível, e o ar fica mais leve de se respirar. Em termos de mistério, só os meus confundem o mundo. Parei de andar pelada por aí e o mundo novamente se questiona sobre mim. Quem será ela? O que esconde por detrás desses olhos e desse sorriso que de tão natural beira o proposital?
A mim, do contrário, nada mais intriga. O planeta é transparente e quase natural. As borboletas passam, os carros, os ônibus passam, as crianças passam, os homens. Consigo enxergar tudo de novo. Maldita lucidez bendita. Há bares, livrarias, cafeterias, lojas, bazares, igrejas, padarias, praças, cinemas, farmácias com os mais variados tipos de xampu para todos os diferentes tipos de cabelo, indistintamente. Há vida após a morte. Há teatros, museus, cursos de inverno. Há controle de trafego, de mim mesma e o mês de julho continua sendo desprezível.
Nada me faz rir se eu não quiser rir e nada me faz chorar se eu não quiser chorar. Controle total de mim. Maldito mês de julho, chuvas que precedem agosto. Metade, meio, onde tudo que se inicia, se acaba, acaba-se porque é meio de ano, quando nada recomeça. Inundação de desgosto. Morte. Abismo. Guerras. Bombas atômicas. Cabeças atônitas e beijos. Julho não é janeiro, não é dezembro. Julho não é abril, ah não, por isso a lucidez. Julho é julho, um pedaço de inferno por ano.

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