12 de novembro de 2014

Não era choro. Soluço não havia. Lágrimas, porém, desciam e definiam um caminho exato por "cada lado carnoso da face", suas acanhadas e pueris bochechas . Instalara-se nela uma emoção inusitada, vinda de além-séculos talvez, e derramava-se estranhamente por seus olhos. Repetia a menina, em todos os tons, que não estava chorando e nem intenção tinha para tal, porém, a cachoeira salgada cegava os olhos dominados por uma força supostamente espiritual. Manifestação viva, quase uma ereção, água materializando-se, fenômeno fisiológico em ação involuntária de uma alma confusa. O evento tivera uma única testemunha, o então constrangido professor de violão. Ela esfregou o rosto em singela violência, assumindo desesperada a tentativa de cessar aquela fonte inconveniente que chegava a molhar seus dedinhos aprendizes nas cordas do instrumento.

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