21 de setembro de 2014

Se agora eu pudesse tocar no que fui ainda pouco, ou no que era nesse instante...
Se os habitantes desse pensamento não tivessem ido embora...
Se aqui ainda houvessem indícios do que fui, lugares em que cheguei...
Se restassem os fluidos do que passou, as paisagens por onde andei...
Se o que meus olhos viram, ainda vivesse aqui e o que não existe mais voltasse até mim...
Se o espaço pequeno dessa distância não fosse tão grande assim...
Se eu pudesse voltar no tempo da última batida, na última leva de ar... Mas não posso mais parar o momento que me bate o coração, que me arrouba a piração...
Se o tempo exato do agora, fosse passível do retorno, ou do regresso e eu pudesse reafirmar o que fui àlguns minutos, sem a pressa das mudanças...
Se a magia não acontecesse e tudo parasse...
Se a malemolência do novo se enrijecesse...
Se a disponibilidade do novo em ser velho não mais se afirmasse...
Se ficar fosse mais relevante que ir...
Se voltar fosse mais comum do que progredir...
Se o planeta, irreverente, nos recusasse os movimentos...
E nossos ouvidos zunissem, e os sentidos retardassem...
Se os círculos parassem, e as mentes não rodassem...
Se a loucura tivesse fim, ao invés da temível progressão...
Talvez se encontrasse a resposta, estagnada, esperando pela pergunta por uma esquina qualquer, surda e sem direção, buscando algum sentido na estagnação.




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