29 de março de 2014

Réprobo, ou eu sou muda

Nada de som!
Não há palavra falada em mim
A cabeça está parada
A mente escreve...
e mente
Meu cinema é mudo
Meu teatro é surdo
e eu já não ouço mais
Não me pergunte
eu sou grafia
E todos os meus gritos se calaram
Pensamentos lentos
Minha memória já não se lembra de mim
Só a escrita me arrasta... e me salva
Eu sou muda
Achada entre palavras conectadas
que não significam... nada
Eu, perdida no prolixo,
redundância afogada
Morta
Essa euforia da ida, me retorna
eu eu eu eu eu eu
De volta ao umbigo meu.
Sou réprobo
Sou mãe de mim, do meu corpo
Condenada a voltar,
me retorno em ti, mãe,
em mim...
nesse estado de alma grávida
palavra entalada
linguagem amordaçada
intuição desregrada
criatividade enlatada
nada nada nada nada nada
tudo
divino e maravilhoso
Sou algo entre a ida e a chegada
me deparo com o vazio da estrada.
Quero cantar a tropicália,
mas o grito é mudo e falha




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