23 de setembro de 2013

Começou a primavera

Um coqueiro alto, imponente, esguio. Secular talvez, se não fantasia além da conta minha imaginação. Bem lá em cima, folhas e cocos verdinhos. Um pouco mais abaixo, folhas já secas e cocos envelhecidos. Tronco reto, pintado de branco em grande parte de sua extensão. Belo, é só o que posso dizer. Ele era belo.
Os cocos marrons caiam de quando em vez, fazendo do magistral gigante um inimigo. "Imagina se afeta a cabeça da criança, um crime! Deve ser arrancado!". Há três meses soube que seria retirado dali, morto. O imponente e grandalhão nada mais tinha a fazer. Se mantinha calado e sôfrego. Há 3 meses que o conheço, há 3 meses soube que seu fim era próximo. Apeguei-me a ele primeiro por piedade, mas evitava encará-lo por vergonha diante da minha impotência argumentativa no quesito 'por favor, poupem essa vida'. Depois comecei a amá-lo por ele ser ele, por estar ali. Nos últimos dias abraçava-o e chorávamos juntos, eu pudia sentir a vida dele que pulsava em mim. Ensinei o menino a abraçá-lo também e preparei-o para a saudade que chegaria.
Ontem, 22, começou a primavera, o menino fez aniversário de mês. Na árvore, machadadas e fim.

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