27 de setembro de 2013

A gente vai escrevendo coisas sem fim, vai deixando que a tinta carregue correnteza a fora o que tem de si, e nada te faz querer seguir adiante sem que isso te percorra o corpo, a sorte, a luz da escrita na ilusão das horas, do tempo de agora... a gente se banha.

A gente vai desenhando as palavras, esperando que elas nos signifiquem, sem que elas mesmas estejam a vontade para isso. Então deixamos o significado para quem um dia leia e tome o todo para si.

A gente vai escrevendo, esperando pelo milagre da personificação. Um dia a gente se torna palavra e a palavra ainda espera se tornar gente, ou não.

A gente vai escrevendo, esperando que os sentimentos e as cores dancem, mas algo de música precisa estar no coração de quem lê... na'alma de quem canta. A gente sabe da solidão do papel.

A gente vai se deleitando e não quer mais parar. A gente sofre com a perda da escrita, com os meses em branco. A gente tem vontade de chorar.

A gente sabe que ela volta e espera.

A gente vai se desenrolando, se confessando, se desnudando.

A gente sabe que sente, mas finge que não sente, a gente sabe que quer, mas finge que não pode. A gente rasura, rasga, se rasga. A gente mente e pontua.

A gente espera até não mais escrever. A gente espera que a escrita nos escreva quando nada mais der. A gente ama a poesia por um dia ou quase sempre, e foge.

A gente paga o preço da poesia, da nudez da alma na escrita. A gente paga o preço desse amor e pensa em parar, mas já está tarde demais para voltar.





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