Era verdade o que acabava de
dizer, a mentira estava no que acabara de pensar. Sua dúvida era permanente, e
insistir no ponto do amor perdido e sua dúvida já não pesava nem flutuava.
Acordara disposta a mudar, e sem
muito alento, comprou uma passagem e foi a um lugar que jamais existira antes.
Não vira a paisagem da janela só porque, meditando, concordou com sua vontade
de desenhar algo abstrato, passou uma tinta qualquer, emendou, recortou, colou
e fez uma arte única e eterna. Sua visão interior de uma paisagem mental
tornou-se viva e ganhou uma moldura inesperada. Mutação. Sabia-se dona de uma
coisa orgânica. Uma arte sem fronteiras acabava de invadir-lhe o coração.
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