26 de outubro de 2008

do Amor, a deusa


Quando você achava que estava tudo bem, que conseguiria viver sem amar, sem amor, sem doar, sem sofrer... que não teria problemas maiores que os financeiros, que seguiria sua vida sem nunca precisar "discutir a relação" ou "conhecer a família da..." Sim, você. Foi você o sorteado da vez.
O prêmio? ELA. Ela, que é uma mistura de Eva e serpente e maçã, de Mme Bovary e álcool e veneno, de Julieta e segredo e sonífero e punhal. Ela, que te suga, te consome, te enebria, te vicia. Uma droga!
Ela chegou sem fazer nenhum alarde e te fez simplesmente um nada. Um nada no melhor sentido da palavra: um entregue, um "total disponível", um "sem escolha", um carente, um "alegre". Te fez medroso e corajoso. Te mostrou como se rega a rosa do jardim. Te fez babaca e piegas. Te ensinou a amar.
Começou amando. Simples assim. Ela te amou... Te olhava com quem admira, te comia como quem bem degusta. Ela amava sem questionar, sem duvidar, titubear. Ela amava sem jogar. Simplesmente amava, sem reservas ou pudores, sem conceitos ou preconceitos. Ela fazia tudo isso com encanto de sereia (das mais perigosas), de bailarina, de estrela perdida...de atriz... uma deusa!
E aí, você, que está ciente de todos os seus lamentáveis e insuportáveis defeitos, de todas as suas terríveis manias, da tua cara de mané quando sai às seis horas da manhã para ir ao escritório de contabilidade... Você se pergunta: Eu mereço tudo isso? Eu contribuí com algum bom feito pro mundo? Não! Você foi sorteado. Simples assim. E esteja ciente da sua sorte: Isso não acontece com qualquer um.
Ela não tem sexo nem idade. Ah não! É feita de amor... e espontaneidade. Mas atenção: Ela grita, chora, diz o que quer e coisas sem sentido (só pra você, jamais pra ela), magoa-se com facilidade, é impulsiva e... Conclusão: Ela te encanta.
E o cheiro dela? O cheiro dela é daqueles que te arrastam pela mão e te levam. Você? Vai.
Nessa viagem, ela te torna tão tua, ela te faz tão dela que agora você não tem mais saída, já está entregue, já depende do sorriso dela e do ar quente que ela deixa quando passa.
Mas um dia (um desses malditos, de céu cinza e mal humorado. Um dia de trevas), ela some, vira mito (algumas delas nem bilhete deixam). Exatamente, meu caro, Afrodite nem sempre pode ficar. Geralmente esse tipo de anjo está só de passagem. Elas têm a função de propagar o amor. Simples assim. Te ensinam a doar-se, a render-se, a entregar-se. Elas te ensinam a viver.

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