4 de setembro de 2008

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Apesar desse comprimido, tipo rolo compressor, que me comprime a garGanta... apesar dele, consigo observar os diversos pés que caminham pelo mundo. Existem pés dos grandes, dos pequenos, com dedos enormes ou tortos, cores exóticas de unhas, unhas roxas topadas, amarelas coradas. Existem pés feios em belas pessoas e pessoas belas sem pés. Existem pés que caminham sem os donos, os que se arrastam, os que respiram e os que choram. Existem pés velhos calejados, pezinhos sem comentários, pé de criança, pé de mulher, pé de muleque.
No ônibus, apesar do comprimido entalado (bebe água que desce!), posso observar os diferentes pés. Uma diversão. Algo para se fazer com o tempo que me sobra não sei porque, o tempo que não se preenche por sí só, com leituras ou músicas, com beijos ou abraços, com cores das dores, das lágrimas. É o tempo de pés, de observar pés. Gosto deles. Teorizo.
Que garantia tenho de que as minhas alucinações são irreais e esquizofrênicas? Elas começam por baixo. Quando sobem, me deleito. Coisa de pirar as velhinhas que sentam nas janelas pelo vento que lhes falta, ar. Barulho do urbano, pé cansado de andar.

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