No dia em que descobrira
que não mais existiam reticências,
as sufocantes
delirantes
desconcertantes reticências
arrebatadoras
desesperadoras
abrasadoras ou catárticas reticências
antes das palavras:
(que eram suas)
EU - TE - AMO,
foi-se
e não mais voltara
certo de que
essas três palavras,
que são quatro,
jamais
nunca
de nenhuma maneira
devem ser ditas
dizidas
faladas
falidas
mencionadas
referidas
concebidas
e nem sequer imaginadas
sem que haja pathos
todo aquele vulcão
todo aquele sentimento
anseio, intento
todo aquele excesso
ai, todo aquele rompante
todo aquele medo
todo aquele romance
aquele lance
aquele jeito
aquela magia cafona
frágil e forte
louca e rouca
morte.
Quem ficara,
ali ficara
com medo do frio
com frio do medo
de nunca encontrar
o que acabara de perder.
E o que perdera
não eram a companhia
de uma vida toda
os planos
os cachorros
as lembranças
não eram.
O que perdera
eram as arrebatadoras reticências
as calmas e nervosas
as longas e amistosas
indecorosas
nervosas
invejadas e invejosas
reticências
antes das palavras:
(que não eram suas, mas que eram quatro)
... EU - TE - AMO!
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