21 de julho de 2007

Foi-se

No dia em que descobrira

que não mais existiam reticências,

as sufocantes

delirantes

desconcertantes reticências

arrebatadoras

desesperadoras

abrasadoras ou catárticas reticências

antes das palavras:

(que eram suas)

EU - TE - AMO,

foi-se

e não mais voltara

certo de que

essas três palavras,

que são quatro,

jamais

nunca

de nenhuma maneira

devem ser ditas

dizidas

faladas

falidas

mencionadas

referidas

concebidas

e nem sequer imaginadas

sem que haja pathos

todo aquele vulcão

todo aquele sentimento

anseio, intento

todo aquele excesso

ai, todo aquele rompante

todo aquele medo

todo aquele romance

aquele lance

aquele jeito

aquela magia cafona

frágil e forte

louca e rouca

morte.

Quem ficara,

ali ficara

com medo do frio

com frio do medo

de nunca encontrar

o que acabara de perder.

E o que perdera

não eram a companhia

de uma vida toda

os planos

os cachorros

as lembranças

não eram.

O que perdera

eram as arrebatadoras reticências

as calmas e nervosas

as longas e amistosas

indecorosas

nervosas

invejadas e invejosas

reticências

antes das palavras:

(que não eram suas, mas que eram quatro)

... EU - TE - AMO!

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