16 de setembro de 2014

Primeiro vem o egoísmo, esse bruto, olhando somente os seus anseios mesmo que esteja em cima da cabeça de alguém, bem no ponto exato de prejudicá-lo. Depois vem a prepotência, dona da informação, impondo a fala, de maneira inconveniente e jamais se pergunta se alguém quer ouvi-la. E pior, ela é capaz de destruir uma crença sem cuidado algum.
De repente, não mais que de repente, a ignorância se apresenta, cega, sem o mínimo cuidado com ninguém, se defendendo do que não precisa, dando murro em ponta de faca, fazendo sangrar o outro, que só tem o silêncio e nada mais para lutar contra a dita cuja, pois se fizer barulho a ignorância te engole. Ronda por aí uma resistência medrosa também, dificultando, engronhando. A acomodação já estava lá, deitada, sem jamais lutar, até que o mundo lhe vira as costas, e essa arrastada precisa se levantar. Aos poucos a vida vai dando certo, por que ela vai morrendo, em pé, mesmo que devagar.
A vida vai dando certo? Sim, a vida vai dando certo por que ali também ronda o talento, lindo de ver, só que não está acima da humildade, por isso nem adianta tanto se vangloriar. E se a humildade não se faz presente, ele se apresenta, o orgulho. Estava demorando porque o orgulho é discreto, mas o maldito está ali, ele sustenta qualquer um em pé, tem ares de boa coisa, faz um certo bem para o ego, mas quando se alimenta-o em demasiado ele cresce e fica cego tal qual a ignorância. E aí que vem a tona a competição. Por que? Ninguém sabe. Mas ela almeja provar superioridade e a pergunta que não cala é: para quê?
É uma pena, mas, nesse ponto, já não há como se transformar sentimento de amor em ato de amor, pois o ambiente já se encontra hostil em demasiado. E, ora bolas, sentimento de amor, só serve mesmo para si, não alcança  o outro como faz o ato de amor. Então é isso, quando o ato de amor não  se apresenta, o olhar fica blasè, as atitudes... Acontece então uma desvalorização de algumas pessoas, a um vizinho qualquer, ao primo do primo, ao homem da obra, não floresce uma dedicação em se atentar a qualquer um, olhar-lhe nos olhos e descobrir qualquer coisa boa ou não. É uma certa imaturidade de só doar tempo a quem interessa, e aí fica um vazio, um mal estar. Tem mais, a imaturidade não gosta de regras ou convenções sociais, que se foda o outro, ela chega sem avisar, se atrasa se a hora está marcada ou impõe a presença quando não é bem-vinda.
Amarrando tudo pode vir o vício, que é perigoso. Tudo em excesso faz mal a si e ao outro, só que o vício não ouve frases clichês. O vício de qualquer coisa, até de coisa boa, sempre é ruim porque acaricia falsamente.
Bem, o equilíbrio não veio, e a falta dele traz uma certa perturbação, uma intensidade desnecessária, uma afetação...
E as pessoas? Não tem mais espaço, as pessoas foram embora. Agora não adianta chorar, ainda há inteligência, ela é grande e esteve lá desde o início.

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