17 de novembro de 2008

A.

Como as amoras e os morangos, o que tem de doce, tem de ácido.

O amor é o espelho de quem sente.

Lindo! Como o bicos das águias, é lindo... mas cresce na direção assassina de sí mesmo. Mata-te se não quebrado em desapego do belo, lá no alto inóspito da montanha.

É como soltar a fumaça nas cinzas e olhar que elas avermelham-se em brasa, crescem e te perturbam quanto ao lugar onde devem cair.

É como os santos que quebram-se na região da nuca quando jogados ao chão. E é pra debaixo dos tapetes que rolarão as cabeças em confusão.

É como os mais belos cristais, que são pontiagudos e donos da luz que te cega a visão.

É como a dor na fome que se perde ou nem se ganha

E te persegue no suor da mão e no não saber onde escondê-las em tremedeira

E, maldito invasor, se reflete na cor do vinho que se toma a meia noite daquele lugar onde a entrada nem era tão franca como se acredita, ou de qualquer outro lugar do céu ou inferno

É no movimento dos cabelos de quem monta no couro e agarra-se à crina, que ele está

É na tensa gargalhada em horas das que não existem, lá ele estará

No movimento de arrancar as botas a quatro mãos, ainda assim o encontrará

Enquanto (não se revela o tamanho da entrega) é o nome do tempo feliz que ainda se tem antes da solidão ou do abandono porque ele, que é espelho de quem sente, se alimenta da dúvida.

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