8 de agosto de 2008

Eu, parasita

Menina linda hoje pensei em você com uma saudade amarga de pecevejo.
Juro que quando me plantei no coração seu, manipulando o amor por tanto tempo, também fui vítima. Vítima da carência.
(Só não sabia que colheria uma fruta podre na estação da colheita. É plantando que se colhe!)
Encontros marcados pro futuro, cineminha no meio da aula, músicas, flores e chandon, olhares de amor mentiroso, poesia em folha de caderno, telefonemas desesperados, cafezinho e cigarro... como era doce a sua companhia... seu amor me alimentava, e eu sugava teu seio até que o leite secasse para minar mais uma vez. Quanta dor te causava. Mordia e assoprava. Eu, parasita de ti, sempre me esquecia de te contar a verdade sobre mim: eu não te amei. Demostrei, mas não amei.
Seus olhos, tão lindos, pediam a ilusão... e eu te dava. Teu corpo inteiro pedia, sua esperança quase imortal pedia cada uma daquelas ilusões... e eu te dava. Eu, serpente, te entregava a maçã... Você podia não comer, mas você devorava. Toda a minha sinceridade mergulhava água abaixo... Todo meu corpo mergulhava na mentira.
Aquele dia na padaria eu já não tinha mais controle da situação. Lembro que você pagou o meu bolo de chocolate. A mulher do caixa viu sua lágrima pelo vidro. Era amargo, o chocolate.
Às vezes eu achava que te amava. Quando você se interessava por alguém, eu era tomada pelo medo do escuro, um pavor. Você sabia. Tão linda você ficava quando era amada... Uma princesa encantada nascida para dar amor! Eu afastava cada coraçãozinho que se aproximava de você. Eu fazia isso só com o olhar. Como eu fui vil! O monstro do armário era eu.
Às vezes, só às vezes, eu achava que te amava. Mas o que eu amava mesmo era o meu poder de manipulação. Era um gozo cada vez que você falava do seu amor por mim, um amor abandonado, atropelado pela minha vaidade. Nossa, quanto prazer me dava!
Alguns amigos se afastaram, eu não entendia porque eles me julgavam se minha companhia te fazia tão bem. Se eu era 'tudo de melhor para você'. Era o que você me dizia enquanto me amamentava.
Adiei a sua felicidade e perdi sua amizade. Seu amor de chocolate ao leite virou ódio tipo amargo .
Já não lembro a data do nosso encontro no futuro, a hora... Só sei que era Paris!
Quando eu for, espero não te encontrar. Que sejas feliz!

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